
QUEM SOU EU?
O autor e palestrante MARCOS SANT’ANNA conviveu durante 3 anos o dia-a-dia de uma cadeia e de uma prisão. Ali ele viu que o presidiário não é apenas considerado como um mero bandido, ele é tratado quase como um animal. Ele teve experiências que o fez rir e chorar. Rir de nervoso para, talvez, esconder um novo choro. Ele viu gente entrar e sair, entrar para não sair mais nunca, viu gente morrer com esperança e sem esperança e nessa visão, percebeu que todo o sistema prisional brasileiro está falido e funciona à revelia da sociedade e sob a ostensiva e continuada omissão dos governantes. Um jogo de empurra entre os governos.
Percebeu assim que essas instituições nada mais são do que um verdadeiro curso de mestrado da criminalidade gerada muitas vezes pela condição de sobrevivência. Ele viu que a grande maioria vive uma rotina de violência e corrupção a começar pelo espaço físico, pela falta de uma ocupação, de um trabalho e principalmente com a falta de uma vida estudantil; como lhe fez falta a educação, sem qualquer lembrança ao princípio da dignidade da pessoa humana – ou seja – verdadeiras reinvenções do inferno de Dante.
As atuais condições, particularmente a superlotação e as práticas violentas, fazem dos presídios brasileiros instituições que expressam o mal radical. Por conta disso, as cadeias e os presídios são um dos fatores mais operantes da criminogênese; vale dizer: da formação do crime.


936 DIAS DEPOIS
Nessa viagem ao cárcere, “AS CARTAS DE UM DETENTO – 936 DIAS DEPOIS” o autor consegue transpor de forma clara e objetiva a realidade nua e crua da vida no cárcere. Você poderia pensar: mas tal ambiente é hostil, quase inumano. Quem está ali vive como bicho. É, mas o diferencial é que o livro prefere ver o melhor do homem. Ele consegue romantizar o cárcere. Neste livro estão copiladas algumas das mais interessantes e instigantes cartas que o autor escrevia para os detentos que lhe pediam que escrevesse esse gênero textual tão esquecido, hoje em dia, por conta da internet. Quando, praticamente, ninguém envia mais cartas, só na prisão. Ele constata esses atos, esses delitos,narra-os.Assim, o autor se vale dos depoimentos de presidiários relatando em cartas o que foi escrito ao longo de 3 anos, foram mais de mil cartas escritas. O poder que as palavras têm é fascinante. Mas, o livro é feito para o bem, com uma visão positivista, coerente com a proposta do autor.
O livro é um grito de alerta pela humanização de um cárcere, por um cárcere mais cidadão. O livro tem o propósito de ajudar a debater a problemática da questão penitenciária. Estas cartas descortinam, tiram a poeira, revelam para toda a sociedade o que ocorre em um cárcere quando alguém comete um delito, entra por aquele portão e se encerra ali. É, enfim, um depoimento de quem viveu “in loco” as histórias dramáticas copilados em cartas daqueles que não tem voz. Retrata o sublime da alma humana.
ESTÁ TUDO ESCRITO NAS CARTAS.
